"avançar envolve progresso. avança-se não só em relação ao tempo, mas também em relação ao meio em que se vive, aos conceitos que nos são impostos.avançando, nossa percepção do mundo é ampliada, nossa história de vida acaba se justificando e nos preparando para o que vem mais adiante. daqui, deste posto avançado em que me encontro, posso dizer que a gente ama muitas vezes e que a vida tem mais portas do que parece. nem todas chaveadas. algumas, inclusive, entreabertas." ;)
O senhor é minha força meu escudo; nele o meu coração confia e dele recebo ajuda.
(Salmos 28:7)
terça-feira, 28 de setembro de 2010
“Sem tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.”
domingo, 26 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
"Somos ultrapassados por nossa pressa. Só percebemos o amor a tempo de lembrá-lo, só descobrimos que era a última chance depois de perdê-la, só aprendemos depois que os erros foram cometidos, que as oportunidades passaram, que os anos foram estampando nosso rosto. Beijaríamos mais doce se soubéssemos que aquele seria o último beijo, gravaríamos a expressão do riso, o som do riso, a leveza do riso, o porque do riso. Amaríamos mais quem nos importa do que nosso egoísmo. Amaríamos mais e apenas isto nos salvaria de uma vida comum." ;)
"Tem paciência com tudo não resolvido em teu coração e tenta amar as perguntas em ti, como se fossem quartos trancados ou livros escritos em idioma estrangeiro. Não pesquises em busca de respostas que não te podem ser dadas, porque tu não as podes viver, e trata-se de viver tudo. Vive as grandes perguntas agora. talvez, num dia longínquo, sem o perceberes, te familiarizes com a resposta."
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
"porque sempre esses verbos – faltar, perder e sentir – não possuem conjugação, na verdade acho que não são nem verbos, porque não é uma ação, falta ação, é diferente. os verbos se fundem também, é impressionante a sincronia, "sinto sua falta", "sinto que te perdi", você vê ação nisso? eu vejo falta de ação.
o pior não é que são verbos sem ações, é que são singulares, a perda é só sua. a falta é só sua. o sentimento é só seu. não existe sentir faltar juntos, perder juntos. certo que existe perder-se juntos, mas aí tem o auxílio do "se", e que auxílio. se falta é verbo, o que é saudade então? eu também não sei, só sei sentir.
eu não queria ir dormir hoje assim, sentindo falta do que perdi. precisa ser muito bom pra conseguir unir os três verbos inativos. eu sei fazer rima, eu sei fazer lógica, eu sei te fazer feliz, mas não sei não sentir falta de você. essa vida não passa de um conto do vigário, onde as pessoas passam dizendo que a vida ensina muita coisa, ensina praticamente tudo, que a vida tem o auxílio do tempo, e que o tempo tem o auxílio do esquecimento. e eu fico aqui pensando, quando será que essa vida vai chegar aqui, pro tempo passar e eu esquecer."
"Quanto tempo demora? - perguntou ele.
- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."
(O Caçador de Pipas)
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
"Um dia tu vais compreender que não existe nenhuma pessoa totalmente má, nenhuma pessoa completamente boa. Tu vais ver que todos nós somos apenas humanos. E sofrerás muito quando resolveres dizer só aquilo que pensas e fazer só aquilo que gostas. Aí sim, todos te virarão as costas e te acharão mau por não quereres entrar na ciranda deles, compreendes?"
"chega de sorrir para o que não me contenta e me cobrar paciência com um profundo respiro de indignação. paciência é dom de amor aquietado, pobre, pela metade. calma, raciocínio e estratégia são dons de amor que pára para racionalizar. amor que é amor não pára, não tem intervalo, atropela. não caio na mesma vala de quem empurra a vida porque ela me empurra. ela faz com que eu me jogue em cima de você, nem que seja para te espantar. melhor te ver correndo pra longe do que empacado em minha vida."
[Tati Bernardi]
sábado, 18 de setembro de 2010
— É possível um rio secar completamente?
— Claro que é.
— Mas será que ele não enche depois? Nunca mais?
— Alguns sim, outros não.
— Mas nunca mais?
— Sei lá, acho que não.
— Você tem certeza?
— Certeza eu não tenho. Só estou dizendo que acho. Afinal não sou nenhuma especialista em matéria de rios, secos ou não.
— Sabe?
— O quê?
— Eu tinha esperança que o rio voltasse a encher um dia.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
"A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos. até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências .. a alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem . Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida."
"É esquisito, mas sempre orientei minha vida nesse sentido
— o de não ter laços, o da independência,
de poder cair fora na hora que quisesse."
"Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde.Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."
"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue seu para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."
Não desista, vá em frente. Sempre há uma chance de você tropeçar em algo maravilhoso. Nunca ouvi falar em ninguém que tivesse tropeçado em algo enquanto estava sentado. "
( Charles F. Kettering )
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
"eu só queria – e ainda quero tanto – ser feliz. eu quero acordar radiante, iluminando cada rua que eu passo, sorrindo para cada pessoa que me sorri também, sentir o que as pessoas felizes sentem, e me abraçar, pensar que sou única, pensar com força, que se for para chorar que seja de felicidade, e que se for para morrer que seja de amor próprio."
- Douglas Lenon (do blog eu te toco também) :*
domingo, 12 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
"ser sensível nesse mundo requer muita coragem. muita. todo dia. esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade. essa sensação, de vez em quando, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. esse amor tão vívido em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza.esse cuidado espontâneo com os outros. essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada. esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói se sentir ferido. ... é essa vontade de espalhar buquês de sorrisos por aí, porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a ideia de um mundo que possa acordar sorrindo."
"Desejo que o seu melhor sorriso, esse aí tão lindo, aconteça incontáveis vezes pelo caminho. Que cada um deles crie mais espaço em você. Que cada um deles cure um pouco mais o que ainda lhe dói. Que cada um deles cante uma luz que, mesmo que ninguém perceba, amacie um bocadinho as durezas do mundo."
"Durma sorrindo e acorde brincando. Não discuta a toa. Escute mais e fale menos, até onde sei é ouvindo que se aprende. Nunca devolva nada na mesma moeda, a não ser que seja abraços e beijos. Comprimente a todos e não se prenda a coisas materiais. Seja sempre otimista, ninguém gosta de conviver com pessoas que só notam o lado ruim das coisas. Não seja egoísta, ajudar ao próximo é mais gratificante que a sí mesmo. Elogie o que gostar e evite criticar o gosto dos outros, certas opiniões podem magoar alguém. Respeite a todos, dos mais idosos aos animais, todos precisam de cuidados e gentilezas como você. Aceite as críticas que vão lhe acrescentar algo, esqueça o que lhe faz mal, não perca tempo odiando ninguém, se a pessoa não lhe agrada apenas seja indiferente, não a nada mais doloroso do que não significar nada na vida de alguém ... entenda cada sofrimento como uma nova lição que apenas o fará crescer como pessoa e irá te preparar para a vida. e a próposito, dê o seu melhor SEMPRE, porque o perfeito não é o rico em detalhes nem algo sem erros, algo sai perfeito quando percebemos que demos o melhor de nós mesmos, para mim o maior sinônimo da perfeição é viver da sua forma, apenas VIVER!"
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
"E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E que entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz: A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida."
olha, estou escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem sempre que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. eu não queria que fosse assim. eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa. hoje eu achei que ia conseguir, que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não lembro onde. hoje havia calma, entende? eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parece que empurram a gente mais para dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. (...)
hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não aguento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer, e quando você telefona ou aparece com aquelas maçãs eu preciso me cuidar para não assustar você e quando você pergunta como estou, mordo devagar uma das maçãs que você me traz e cuido meus olhos para não me traírem e não te assustarem e não ficarem querendo entrar demais no de dentro dos teus olhos, então eu cuido devagar tudo que digo e todo movimento, porque eu quero que você venha outras vezes e eles dizem que se eu me mostrar como realmente sou você vai ficar apavorado e nunca mais vai aparecer nem telefonar— eu não aguento mais não me mostrar como sou.hoje de manhã acordei bem cedo, e depois de conversar com eles consegui permissão para caminhar sozinho no jardim, eu disfarcei muito conversando com eles porque queria muito caminhar sozinho no jardim. àquela hora ainda não estava chovendo, ou estava, não me lembro, ou havia chovido ontem à noite, não, acho que não estava chovendo não, porque eu lembro que as folhas estavam limpas e molhadas e a terra tinha um cheiro de terra molhada: eu comecei a lembrar, lembrar, lembrar e o meu pensamento parecia um parafuso sem fim, afundando na memória, eu não suportava mais lembrar de tudo o que se perdeu, tudo o que perdi, não fui e não fiz, mas não conseguia parar. então comecei a gritar no meio do jardim molhado com as duas mãos segurando a cabeça para que não estourasse. (...)
aí eles vieram e disseram que não tinha jeito e que estavam arrependidos de terem me deixado sair sozinho e que aquela era a última vez e que eu disfarçava muito bem mas não conseguiria mais enganá-los. eu disse que não tinha culpa do meu pensamento disparar daquele jeito, mas acho que eles não acreditaram, eles não acreditam que eu não consigo controlar pensamento. então me deram uma daquelas injeções e eu afundei num sono pesado e sem saída como este espaço dentro desses quatro muros brancos. foi depois que acordei, não sei se hoje ou amanhã ou ontem,eu te escrevo dizendo hoje só para tornar as coisas mais fáceis, foi depois que acordei que perguntei se você não tinha vindo nem telefonado, e eles disseram que você não viera nem telefonara. é provável que estivessem mentindo, eles dizem que eu preciso aceitar mais a realidade das coisas, a dureza das coisas, e às vezes penso que tornam de propósito as coisas mais duras do que realmente são, só pra ver se eu reajo, se eu enfrento. mas não reajo nem enfrento. a cada dia viver me esmaga com mais força. não sei se eles escondem de mim a sua visita, se não me chamam quando você telefona, se dizem que já fui embora, que já estou curado, não sei se você não vem mesmo e não telefona mais, não sei nada de ninguém que viva atrás daqueles muros brancos, você era a única pessoa lá de fora que entrava aqui dentro de vez em quando. é verdade que eles todos moram lá fora, mas é diferente, eles vivem tanto aqui dentro que não consigo acreditar que sejam iguais aos lá de fora, como você. você, sim, era completamente lá de fora. digo era porque faz muito tempo que você não vem, sei do tempo que você não vem porque guardei no meio das minhas roupas um pedaço daquela maçã que você me trouxe da última vez, e aquele pedaço escureceu, ficou com cheiro ruim, encheu de bichos, até que eles me obrigaram a jogar fora. acho que os pedaços da maçã só se enchem de bichos depois de muito tempo, não sei. (...)
parei um pouco de escrever para olhar pela janela e principalmente para ver se eu conseguia deter o parafuso entrando no pensamento. acho que consegui. porque quando começo assim não consigo mais parar, e não quero que eles me deem aquela injeção, não quero ouvir eles dizendo que não tem remédio, que eu não tenho cura, que você não existe. eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe. tenho certeza que você existe porque escrevo para você, mesmo que o telefone não toque nunca mais, mesmo que a porta não abra, mesmo que nunca mais você me traga maçãs e sem as suas maçãs eu me perca no tempo, mesmo que eu me perca. vou terminar por aqui, só queria pedir uma coisa, acho que não é difícil, é só isso, uma coisa bem simples:quando você voltar outra vez veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito. !
(CAIO FERNANDO ABREU)
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